Saturday, December 1, 2007

Sobre as cotas na universidade

A algum tempo uma amiga minha passou um link para a relação candidato/vaga do vestibular da UFSC esse ano. Considerando o sistema de cotas, vários cursos estavam com uma relação < 1, aliás, acho que eram poucos os que estavam acima disso. E hoje ela passsou um link para esta notícia.

Para quem está com preguiça de ler a notícia, um magistrado aqui de Santa Catarina decidiu em favor de um candidato que ele poderia concorrer a todas as vagas para o curso de Geografia.

Um dos pontos que eu achei interessante é que "A supressão de vagas ao ‘não-negro’ viola o princípio constitucional da igualdade, sem que haja real fator para privilegiar o denominado ‘negro’, em detrimento do denominado ‘não-negro’". Eu não sou a favor de quotas para negros. Para mim, é uma forma "legalizada" de discriminação. Não somos todos iguais perante a constituição? Por que então alguns são favorecidos com um número especial de vagas? Fazendo isso só vai diminuir a qualidade do ensino superior no Brasil. Não que eu ache que negros não possuem condições de disputar vagas, muito pelo contrário, acho que eles têm capacidade tanto quanto os demais. A questão é que o sistema de quotas diminui a concorrência, fazendo com que os auto declarados negros concorram por uma quantidade de vagas, alguns por vagas de escolas públicas, e os demais no pacote "dos discriminados" (sim, os demais são os discriminados, pois só eles não ganharam vagas especiais!). Alguns candidatos que antes não passariam agora vão passar, pois parte da concorrência migrou para outras categorias. Claro que eu ainda posso queimar a língua (ou nesse caso, os dedos) e ver que os candidatos que entraram com cotas todos atingiram média de classificação no sistema de "balaio único", mas nesse caso, para que as cotas então?

Outro ponto que discordo são as vagas para escola pública. Certo, essas não são tão racistas ou discriminatórias quanto as vagas para negros. Um professor que eu tive na graduação comentou uma vez que o vestibular hoje está servindo como um alarme, que está disparando avisando que tem algo muito errado com o sistema de ensino no Brasil, e que a solução adotada para que esse alarme pare de incomodar foi desligar o alarme, e não consertar a raiz do problema. Parece fazer sentido, afinal, é o que todo mundo faz quando o alarme do carro dispara, certo? Só desliga, e se ele disparar de novo, aí sim vai ver o que está errado. Perfeitamente lógico. Não vai tocar a segunda vez caso tivesse um ladrão para roubar o carro. Ou porque o som já foi da primeira, ou porque o carro resolveu passear com o ladrão. Espero que o alarme do vestibular dispare novamente logo.

Enquanto isso, professores da graduação, boa sorte!

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